A valorização imobiliária em Santa Catarina é destaque, principalmente para o mercado de luxo e alto padrão. Com as subidas da Taxa Selic, que atingiu o maior patamar desde 2017, chegando a dois dígitos – 10,75%, as transações realizadas diretamente com as construtoras ganham ainda mais força no mercado, uma vez que o juros do crédito imobiliário deve subir. O financiamento imobiliário no Brasil chegou a R$ 255 bilhões em 2021, um recorde na série histórica da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Segundo o presidente da entidade, as cifras devem continuar crescendo em 2022, uma vez que setor continua perseguindo uma diversificação das fontes de recurso. Na negociação de imóveis novos, a alta foi de 98% em comparação com 2020, contra 66% de crescimento na compra de imóveis usados mesmo período. Os dados reforçam o movimento no mercado catarinense e a ampliação de crédito com negociação direta com as construtoras.
Segundo o economista Guilherme Alano, o financiamento direto com o vendedor, no caso de imóvel, com a construtora e incorporadora, pode ser sim vantajoso para o consumidor, diante da alternativa de financiamento através de uma instituição financeira terceira, como um banco. “As principais vantagens são a facilidade na aprovação do crédito, que tem ficado mais restrito na maioria das instituições financeiras pela crise econômica provocada pelo coronavírus e subida dos níveis de inadimplência. Entretanto, o principal diferencial que vai determinar qual é o caminho mais vantajoso, vai ser o custo efetivo da operação. Ele envolve majoritariamente os juros do financiamento, mas também outros custos escondidos, como taxa de abertura de conta, seguros obrigatórios entre outros”, aponta.
A projeção do mercado para a inflação de 2022 está atualmente em 5,38%. Já para a taxa básica de juros, a expetativa de que a Selic termine o ano em 11,75% ao ano, o que embute ao menos mais uma alta.
A FG Empreendimentos, que figura como uma das principais construtoras do país, obteve resultado recorde de vendas no último ano. “Mais de 50% das transações da empresa hoje são com financiamento direto com a FG. Historicamente, os imóveis vêm figurando como um dos principais bens em índices de valorização. Nesta modalidade direta, o cliente tem assegurado a credibilidade da construtora e sua sustentabilidade financeira”, comenta Altevir Baron, diretor de mercado e marketing da FG Empreendimentos. Em 2021 a empresa registrou um crescimento de 132% em relação a 2020. “Vale ainda ressaltar o desempenho do último trimestre de 2021, quando a companhia comercializou 250% a mais do que no mesmo período de 2020”, aponta o empresário Jean Graciola, presidente da FG Empreendimentos.
Ainda no litoral, outra construtora que vem investindo fortemente nas transações diretas com os clientes é a Phacz Empreendimentos, que recentemente apresentou ao mercado o primeiro empreendimento com certificado LEED de sustentabilidade no estado. A gerente comercial da construtora, Luiza Lagemann, explica que a modalidade vem crescendo, uma vez que os potenciais clientes e investidores buscam transações com empresas de credibilidade e solidez. A construtora aponta que mais de 100% das transações nos últimos 12 meses têm sido efetivadas com financiamento direto com a construtora. “Temos poucos casos que buscam aportes de banco, o que reforça a sustentabilidade econômica frente ao mercado consumidor, bem como aos investidores, que buscam segurança em momento que a economia mostra oscilações”, comenta. E mais: “Nossos produtos trazem uma nova perspectiva de vida, temos registrado uma média de 80% de valorização, se adquiridos na planta, alguns até alcançando o 100% de rentabilidade. Tudo isso impulsionado pelo desenvolvimento ordenado”, completa.
Além disso, o status que Santa Catarina vem mantendo como detentora de quatro das 10 cidades com maior valorização imobiliária, segundo dados FipeZap, o que também contribui para o crescimento dessas transações diretas. Nesse sentido, as construtoras vêm apresentando, em ritmo acelerado, novos produtos ao mercado.
A busca por mais conforto e qualidade de vida durante o isolamento social e as baixas taxas de juros praticadas no país impulsionaram o mercado imobiliário de alto padrão, que apresentou um crescimento significativo nos últimos meses. Segundo dados divulgados pela Abrainc – Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias, o segmento residencial de médio e alto padrão (MAP) registrou um crescimento de 266,7% no terceiro trimestre de 2021 em comparação com o mesmo período de 2020.
As perspectivas do setor para os próximos anos são animadoras. Segundo estudo da Euromonitor Internacional, a estimativa é que até 2023 o segmento tenha alta de mais de 20% no Brasil. Esse crescimento significa recuperar o posto de maior mercado de luxo da América Latina.