Patrocinada pela Lei de Incentivo à Cultura de Balneário Camboriú (LIC), a obra “Mesma Nova História” está na lista dos 30 Melhores Livros Infantis do Ano, da Revista Crescer, divulgada em junho. O livro, escrito pelos educadores Everson Bertucci e Mafuane Oliveira, com ilustrações de Juão Vaz, aborda a relação cotidiana de um menino, que só pensa em jogos eletrônicos, com a avó, a qual está perdendo a memória.
Para fazer a lista de 2022, a Crescer consultou um grupo de 52 jurados, formado por professores, pesquisadores, escritores, entre outros profissionais da área.
Lançada em agosto de 2021, “Mesma Nova História” teve mil exemplares distribuídos gratuitamente via LIC. O livro está disponível na Biblioteca Municipal Machado de Assis, no SESC, na Comunidade Quilombo Morro do Boi e nas escolas de Balneário Camboriú. De acordo com Everson, a obra não é baseada em uma história real, mas inspirada em alguns aspectos da vida da avó de Mafuane. No entanto, a parte da perda da memória é ficcional. Everson e Mafuane são amigos há 20 anos.
“Essa história foi escrita em 2009, numa oficina literária. Por volta de 2010, 2011, a Mafuane incluiu a história em seu repertório de contação em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em 2014, o Juão Vaz fez as primeiras ilustrações. Em 2018, eu convidei a Mafuane para incluir novos elementos ao texto e, em 2021, a gente reuniu tudo e o livro nasceu graças à LIC”, conta Everson. O trio se conheceu em São Paulo, de onde Everson saiu em 2017, para morar em Santa Catarina. “Mesma Nova História” é o primeiro livro publicado deles.
A lista dos melhores livros está na 17ª edição. No material que a divulgou, a revista comemorou a constatação de a sociedade ter mais forças para lutar por uma educação antirracista. Dos 30 livros, 12 têm alguma representatividade negra e indígena, ou na autoria ou no enredo. “Mesma Nova História” traz uma representatividade afro-brasileira nas ilustrações, inspirada na família de Mafuane.
Obra aborda a perda de memória
Apesar da doença de Alzheimer não ser citada pelo livro, os leitores acabam relacionando-a à perda de memória da personagem idosa, conforme Mafuane. “Você tem a oportunidade, pela literatura, de falar de coisas tristes, dolorosas, mas falar pelo lugar da subjetividade. A gente não nomeia, mas muitas pessoas fazem a ligação da história com Alzheimer. Acho incrível e muito artístico conseguir falar de uma coisa que é tão delicada, sem necessariamente nomear. Mas a mensagem geral do livro é que a gente possa valorizar a nossa ancestralidade, os nossos mais velhos, e também os nossos mais novos, com acolhimento, com escuta, com troca. É preciso pensar nessas duas pontas da vida, que muitas vezes são negligenciadas tanto pelas famílias como pelas escolas e governos”, diz Mafuane.
O reconhecimento deixou os autores motivados. “Quando a editora Peirópolis mandou o link informando que a gente estava nessa lista, eu fiquei muito feliz, é uma sensação de sonho realizado. Porque a gente fez com muito carinho, e quando vem um reconhecimento desse, de uma lista séria como essa da Crescer, só deixa a gente mais contente e com mais vontade de fazer outras histórias, de produzir outros livros, só nos motiva”, comenta Everson.
O livro pode ser adquirido pelo site da editora Peirópolis (www.editorapeiropolis.com.br ) e em outros sites de venda.
Sobre a LIC
A Lei de Incentivo à Cultura de Balneário Camboriú (LIC) existe há nove anos e objetiva democratizar a aplicação de recursos públicos na área da cultura, além de fomentar a produção, a circulação, a formação, a preservação e a difusão de projetos artístico-culturais no município. Anualmente, a Fundação Cultural de Balneário Camboriú lança um edital abrindo inscrições para a LIC.