O mar virá buscar o que é dele! Esse é um argumento frequente, utilizado por quem é contra a obra de alargamento da Praia Central de Balneário Camboriú.
Segundo a Secretária do Meio Ambiente de Balneário Camboriú, Maria Heloisa Furtado Lenzi, este é um mito criado por quem desconhece o objetivo da obra de recuperação da Praia Central.
A secretária utilizou suas redes sociais para falar sobre essa polêmica e esclareceu alguns pontos. Segundo ela, o mar já variou por várias vezes ao longo da história do planeta, em virtude das eras glaciais e movimentos das placas tectônicas.
Assim, em algum momento das eras geológicas “nossa casa” já esteve dentro do mar. Há cerca de 10 a 15 milhões de anos houve uma redução no nível e recentemente (considerando milhões de anos) estamos vendo (sentido figurado) um novo aumento deste nível.
Portanto, um dia, o mar poderá sim vir buscar o que é dele, mas para isso, segundo a secretária, teremos que viver algumas centenas de anos para ver.
Para a secretária, como nossa praia foi constituída onde antes era uma berma natural, e como não temos como retirar a Av. Atlântica e os prédios, a obra de recuperação irá reconstruir a berma, avançando em direção ao mar.
Com a colocação de areia do mar na praia, conseguimos proteger a infraestrutura e manter a praia da forma mais natural e segura, por muitos e muitos anos, completa a secretária.
Mas toda a areia colocada na pra irá permanecer ali? Sim, mas nem toda a areia poderá ser vista por nós, portanto, todos irão perceber uma “perda de areia” num curto espaço de tempo.
Isso acontecerá por que nossa praia está em constante movimento, ela é constituída por uma parte emersa (parte que vemos) e outra submersa (parte que não vemos) que se estende por aproximadamente 350 metros mar a dentro.
Como a colocação de areia é feita de forma mecânica, utilizando a força da draga e o maquinário em terra, há um limite até onde essa areia poderá ser empurrada para dentro do mar (máquinas não podem adentrar 350m no mar). O restante do espalhamento da areia na parte submersa tem que ser feito pelos movimentos dos ventos, correntes e marés.
Em resumo, uma parte da areia que será colocada na praia, irá “escorregar para dentro do mar” e sumir dos nossos olhos para que tenhamos a praia mais próxima da praia original.
Ainda, de acordo com a secretária, ressacas pós obra serão bem vindas, pois quanto mais o mar trabalhar, mais rápido a praia alcançará seu perfil de equilíbrio.
Obras semelhantes pelo mundo:
Em outra postagem, a secretária elencou diversos locais pelo mundo onde já foram feitas obras semelhantes a nossa, confira a lista abaixo:
Brasil
Rio de Janeiro – Aterro do Flamengo, Parte da Urca, Copacabana
Porto Alegre – Centro Histórico aterrado Lago Guaíba.
Joinville – 4 km2 para áreas habitacionais.
Florianópolis – Aterro da Baía Sul e norte, Canasvieiras
Piçarras
Nos EUA:
Coney Island , Nova York, em 1922, o primeiro projeto de alimentação de praia
Miami e Panama City Beach-Flórida
Oeste de Nova Orleans – Everglades
Washington – terras pantanosas
Battery Park City, em Manhattan
Chicago, Boston, Massachusetts
No mundo:
Hong Kong aterrou 240.000 m² em 1890
Sul da China – cidades como Shenzhen e Macau
Japão – cerca de 20% das terras na Área da Baía de Tóquio são aterramento marítimo.
Ásia – Costa de Manila e Singapura
Austrália- Gold Coast (lembra Balneário)
Cidade de México – lago de Texcoco; Finlândia – Helsinque
Africa do Sul – Cidade do Cabo
Bélgica – Porto de Zeebrugge
Bielorrússia -Brest
Canadá – Ilhas de Toronto
Mônaco
Território britânico de Gibraltar
Pólderes dos Países Baixos – A Holanda que muitos amam ter visitado, não existiria se não fossem os aterros hidráulicos.
Confira a postagem da secretária em sua página pessoal do Facebook: