Foi entre os corredores do Hospital Municipal Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú, que a gestante Pâmela Araújo Dorneles Vieira deu à luz, ao mesmo tempo em que nascia outra vez. No início de 2021, durante o ápice da pandemia de Covid-19 no Brasil, Pâmela foi infectada pela doença quando veio de Alegrete/RS, passar férias em Bombinhas. Como o caso era grave, foi transferida para o Ruth Cardoso, onde deu à luz enquanto estava na UTI.
“Tentaram um leito para mim, e como o Ruth é referência na região me enviaram para cá. A doença evoluiu rápido e fui intubada. Com sete dias de internação, fizeram a cesária da minha filha”, conta a mãe, que tem formação em enfermagem e é militar. A gestante foi a primeira na cidade a ter um caso grave de Covid-19, sendo a única em que a interrupção da gravidez foi necessária para que sua vida fosse salva.
Ao todo, Pâmela ficou 23 dias internada. Seu estado de saúde preocupou a equipe médica, que decidiu interromper sua gravidez. “Ela teve necessidade de intubação e uma disfunção orgânica grande, sendo necessário fazer hemodiálise por insuficiência renal”, conta o médico intensivista do Hospital e chefe da UTI Covid, Pedro Salomão Dias.
Assim que nasceu, com apenas 26 semanas de gestação e pouco mais de 800 gramas, a bebê Cecília Vitória teve que ir para a UTI Neonatal lutar pela vida, onde ficou por 73 dias. Mesmo após a alta, Pâmela acompanhou a filha durante todo o tempo em que esteve internada. O término da saga ocorreu apenas em maio, quando Cecília Vitória teve alta.
Quase dois anos depois, tanto mãe quanto filha estão saudáveis, sem sequelas do que passaram. De volta a Balneário Camboriú para passar férias, a família retorna ao hospital, dessa vez para agradecer pelos serviços prestados. O agradecimento ficou eternizado em um quadro, com fotos da bebê.
“Voltei para agradecer o pessoal que me atendeu. Se não fosse toda essa dedicação, eu não estaria aqui para contar essa história. Fui muito bem acolhida, muito bem assistida”, conta Pâmela. “Temos gratidão por todos que participaram do processo. Foram dias muito difíceis, e só conseguimos vencer pelo apoio, carinho e humanidade de todos os técnicos e médicos do Hospital Ruth Cardoso”, completa o marido, Marcos Estevão da Costa Vieira.
“Muitas vezes não temos esse retorno dos pacientes, daqui algumas semanas esse acontecimento completa dois anos. Mesmo não tendo contato, mantemos a lembrança de alguns para o resto da vida”, conclui o dr. Pedro.