Os números não mentem, dizem! E na política, pelo menos no que diz respeito ao número de mulheres, além de não mentir, eles desanimam. Ainda são poucas as que se arriscam neste universo, e pior, ainda menor o número das que se elegem.
Em Balneário Camboriú 54% do eleitorado é formado por mulheres, e embora sejam a maioria, a representatividade é pequena quando comparada aos homens. Atualmente das 19 cadeiras do legislativo, apenas uma é ocupada por mulher, com a vereadora Juliethe Nitz.
De olho nas próximas eleições e pensando em mudar este quadro, inclusive incentivando as mulheres a participar da política surgiu o Apoie Elas BC (@apoieelasbc), criado pelas empresárias Sandra Bronzina e Amanda Bett. O grupo atualmente conta com 40 participantes, de diferentes partidos políticos e também de eleitoras, sem vínculo partidário, mas que visam debater sobre o papel da mulher na sociedade, sobretudo na política. Entre os patrocinadores está a MagraSS, (patrocinador Master), que abraçou a ação, e por ser uma empresa voltada ao bem-estar feminino entende e valoriza a presença delas em espaços de poder. A ação também tem o patrocínio do restaurante Villa Córdova. O espaço está aberto a outras empresas que queiram se engajar e apoiar a causa.
Segundo Sandra Bronzina o movimento, suprapartidário, quer evidenciar a representatividade e poder feminino nas diferentes esferas da sociedade, incentivando não apenas que elas se candidatem, mas também que os eleitores deem uma chance de que elas assumam estes cargos nos municípios. “Muitas mulheres lutaram e algumas até morreram ao longo da história, para garantir que nós tivéssemos hoje direito ao voto e espaço na política. Em honra a todas essas mulheres, o mínimo que podemos fazer é apoiar nossas candidatas! 54% do eleitorado de Balneário Camboriú é feminino, e temos apenas uma vereadora mulher na câmara, minha amiga Juliethe Nitz”, disse.
Para Amanda Bett, que atua com marketing, a intenção do Apoie Elas BC é fortalecer neste primeiro momento as mulheres que são candidatas à vereadora por Balneário Camboriú, e de forma suprapartidária evidenciar o que elas têm feito.
“Eu acredito na soma das forças entre nós, mulheres empresárias, ativistas públicas, políticas e também as que estão em casa e em qualquer lugar. Todas nós possuímos garra, fibra e uma sensibilidade incrível para lidar com as diversas áreas do nosso cotidiano, sobretudo também, na área política. E é por acreditarmos nisso que eu e Sandra, fundamos o Apoie Elas BC. Porque acreditamos nestas mulheres, apoiamos elas e queremos vê-las ocupando cargos em que a gente se sinta representada”, disse Amanda.
O Apoie Elas BC atua em duas vertentes. A primeira é promover encontros com as candidatas e passar a elas dicas de marketing e de imagem, além de oferecer o trabalho de profissionais voluntários que as ajudem a ter sucesso na campanha. A segunda é a conscientização do eleitorado, através da divulgação na imprensa, outdoors e numa nova parceria com o Balneário Shopping, cujo objetivo é mostrar à população o porquê de votar nas mulheres.
Sandra Bronzina afirma que o movimento não é uma guerra contra o homem, pelo contrário, o homem na política também tem sua importância, mas é preciso que homens votem em mulheres também.
“Nossa busca é pelo equilíbrio nas políticas públicas, e para isso precisamos eleger mais mulheres”, finaliza Sandra.
Já Amanda sonha com o dia em que a equidade irá chegar na câmara de vereadores e quem sabe teremos 50% homens e 50% mulheres no legislativo municipal.
Mulheres na política
Segundo um levantamento nacional, que levou em conta o número de candidatas versus vagas, a situação pouco mudou em relação às últimas eleições.
Apenas 1 a cada 10 candidaturas para as prefeituras é de mulher. São 2.496 mulheres candidatas para o Executivo municipal num total de 19.141 candidatos (13% do total).
O baixo número de candidaturas de mulheres se repete na disputa para a Câmara Municipal. Nestas eleições, as mulheres são 34% dos candidatos a vereador. São 175.312 (de um total de 509.969 candidatos ao cargo). Em 2016, esse percentual era de 32%. Em 2012, 31%.
Em um dos estudos mais recentes, o Mulheres na Política 2020, divulgado pela ONU, o país ocupa o penúltimo lugar entre as nações da América Latina no quesito representatividade feminina, englobando cargos executivos, legislativos e em ministérios. Só fica à frente de Belize e Haiti, em penúltimo e último lugar, respectivamente.
Atualmente, a representação feminina no Congresso brasileiro é de 15%. A proporção é ainda menor em outros cargos eletivos. Elas são apenas 13,5% entre os vereadores e 12% entre os prefeitos eleitos em 2016.
Na última eleição municipal, aproximadamente 1,3 mil municípios não elegeram uma única vereadora, embora as mulheres representarem 52,5% dos eleitores.