Quando veio morar em Balneário Camboriú, Thiago Cabral, de 8 anos, pouco se comunicava com a família e os amigos. Depois que se matriculou na Rede Municipal de Ensino e começou a frequentar o polo bilíngue, criado neste ano, o menino que é deficiente auditivo, além de aprender Libras está aprendendo português na modalidade escrita. “Eu gosto de aprender. Aprendi bastante Libras, aprendi a escrever várias palavras”, contou o aluno.
O Polo Bilíngue fica no NEI Sonho de Criança e atende os alunos da Rede Municipal de Ensino. No local os estudantes recebem atendimento educacional especializado. As aulas ocorrem conforme a necessidade da criança, podendo ser uma ou duas vezes por semana, de forma individual ou em grupo e são ministradas por dois profissionais. Os familiares do aluno também podem participar. O aprendizado mudou a vida e a comunicação na família do Thiago e na escola.
“Thiago passou a saber todas as letras, aprendeu a contar, está acompanhando o desenvolvimento da alfabetização. Em casa melhorou muito a comunicação, porque eu e o irmão mais novo aprendemos Libras junto com ele, aqui na aula. Hoje ele conta coisas, relata as coisas que aconteceram na escola, coisa que antes ele não conseguia fazer”, contou a mãe, Adriana Jorge Cabral.
Além do atendimento individual o Polo Bilíngue realiza atendimento em grupo, nas salas de aula onde os alunos com deficiência auditiva estudam. Um dos encontros em grupo é realizado no NEI Santa Clara, onde estuda o menino Jorge. Quando ele chegou no Núcleo de Educação Infantil, a professora Mônica Grey Nunes Pinheiro ficou assustada, porque não sabia falar Libras e ele seria seu primeiro aluno com deficiência auditiva.
“No começo a gente se comunicava com mímicas, porque nem o Jorge tinha conhecimento de Libras. Eu e as outras crianças estamos aprendendo junto com o Jorge e tá sendo muito legal ver o desenvolvimento não só dele, mas da turma inteira. É um trabalho que está ultrapassando as fronteiras da sala de aula, os pais relatam que os filhos chegam em casa falando em Libras. Esse trabalho do Polo Bilíngue é fundamental, hoje há comunicação com o Jorge, com ele e as outras crianças e comigo e ele”, contou a professora Mônica.
“O polo oferece o ensino da Língua Brasileira de Sinais, que é a língua materna do surdo, aperfeiçoamos ela e o alfabetizamos na língua portuguesa, na modalidade escrita. Essa assessoria oferece ao professor, materiais adaptados em Libras e também oferece para o grupo dos alunos da Educação Infantil e Anos Iniciais, uma aula de Libras onde todos aprendem a se comunicar nessa língua. Isso contribui com a inclusão escolar desse aluno”, explicou a professora de AEE do Polo Bilíngue, Roselene Nunes Rocha.
“É importante para que todos os alunos possam aprender vendo os sinais, as palavras, a interação. Eu estou muito feliz ensinando, os alunos perguntam e eu respondo. O ensino em Libras é muito importante, porque clareia a mente das crianças, nas ruas elas podem se comunicar. A criação do Polo Bilíngue foi excelente”, encerrou o professor de Libras, Anderson Ari Nicolau, que também é deficiente auditivo.