Com uma mistura de ritmos latinos, influência da música brasileira e uma letra romântica, a música “Sempre Mais”, da cidade de São José, foi a vencedora da 8ª edição do Festival da Canção de Balneário Camboriú, que terminou no final da noite de quarta-feira (05), no Teatro Municipal Bruno Nitz.
Tocada pela banda Brass Groove Brasil e interpretada Mércia Maruk, a canção ficou em primeiro lugar. Além de troféu, a vencedora recebeu R$ 7.143,50. Também foram premiados os segundo e terceiro lugares e a melhor letra, melhor intérprete e melhor instrumentista (confira no fim da matéria a relação dos ganhadores e as letras dos três primeiros lugares e da melhor letra)
“Este prêmio foi inesperado. Trabalhamos bastante em cima dessa música, que era só instrumental e ganhou letra de Iara Germer. No meio de tantos artistas consagrados, foi uma honra muito grande ganhar esse prêmio”, disse Jean Carlos da Silva Rodrigues, integrante da banda.
Entre os artistas consagrados concorrentes, estava Dandara Manoela, ganhadora
do Melhor Álbum 2018 no Prêmio da Música Catarinense. Com a música “Meu Canto”, Dandara levou ao palco a luta diário dos negros. “Eu acho o Festival uma oportunidade gigante, fundamental, é um espaço incrível de afirmação para mulheres e mulheres negras”, falou no microfone, logo após sua apresentação.
Os três jurados do Festival, que teve curadoria de Elaine Calove, avaliaram quesitos como letra, melodia, arranjo e performance. Das 118 canções inscritas de diferentes cidades do Estado, 43 foram apresentadas ao longo três dias da fase classificatória (de domingo a terça-feira). “Eu participo há oito anos do Festival. Na edição deste ano, a disputa esteve muito difícil, foi um trabalho duro”, ressaltou o músico Luciano Candemil, um dos jurados.
Mais de R$ 14 mil foram distrubuídos aos ganhadores
Realizado pela Fundação Cultural, o Festival da Canção premia composições de estilo livre, com música e letra, originais e inéditas e em língua portuguesa. Nesta edição, foram distribuídos R$ 14.561,75 entre os três primeiros colocados. Presidente da Fundação Cultural, George Varela destacou que um dos pontos altos do Festival foi a integração entre a equipe da Fundação Cultural, o Conselho Municipal de Política Cultural, a Câmara Setorial de Música, artistas e a plateia. A média de público foi de 300 a 400 pessoas em cada noite.
Na plateia, havia torcida pelas canções. Pilchados, Giovanna Vanessa Tamburo e o filho, Fernando, oito anos, torciam para as duas músicas nativistas gaúchas finalistas. Ela só não foi ao Teatro no primeiro dia de competição, no domingo. “Achei maravilhoso o Festival. Foi uma oportunidade de acompanhar a música gaúcha e outros estilos musicais”, comentou. Já Maria José Vieira Lopes veio de Guaramirim para torcer para a filha, Luana Lopes, não classificada para a final, e para Adriano Souza, um dos finalistas. “Viemos no domingo. Achei bem legal, é uma chance para as pessoas mostrarem seus talentos”.
Os vencedores da 8ª edição do Festival da Canção de Balneário Camboriú
1º lugar: Brass Groove Brasil e Mércia Maruk – Sempre Mais
2º lugar: Ubiratan Matos e Banda TerrAvista – Sambaqui
3º lugar: Bia Barros e Rafael Calegari – Motim
Melhor letra: Destinos: Ciclos Migratórios, de Glênio Marques
Melhor instrumentista: Cássia Abreu (com a canção Destinos: Ciclos Migratórios)
Melhor intérprete: Giana Cervi, com a canção Dádiva
Letra dos três primeiros lugares
Sempre Mais
Feito uma onda no mar
Teu amor vi chegar
Me fez tão feliz
Pássaro livre que sempre fui
Mas com você
Sempre aprendiz
Tanta alegria fugaz
Nada se compara ao que você me traz
É no amor que você me dá
Que eu vejo sentido
Que a vida faz
A vida é uma só meu bem
E ganha quem sabe viver
Pra sempre quero ser refém
Desse amor que não dá pra esconder
Sem medo de me aventurar
Nas voltas que o mundo dá
Nas bandas do meu coração
Me perder
Sempre mais
Com você
Minha paz
Só você
Sempre mais
Com você
Minha paz
Sambaqui
Chegam caçando tesouros
Mentem por alguns quilates
Caravelas por cima do morro
Abafam a ‘quinhentos’ o choro
Pisaram na cultura
Pisaram nos costumes
Pisaram me “esteriotipisaram”
De acomodado
De acomodado e nu
De acomodado
Samba lá no Sambaqui
O groove do Brasil nasceu aí
A falsa paz da tua plantação
Que troca por terra o nosso irmão
Chegam caçando as crenças
Impondo ganância e dinheiro
Em abril tem ‘festinha’ da imprensa
Nem perguntam o que o Nativo pensa
Pisaram na cultura
Pisaram nos costumes
Pisaram me ‘esteriotipisaram’
De acomodado
De acomodado e nu
De acomodado
Samba lá no Sambaqui
O groove do Brasil nasceu aí
A falsa paz da tua plantação
Que troca por terra o nosso irmão
Motim
Dizem que o amor apareceu
Meu bem eu sei que foi Motim
Eu e você
Assim, um arrastão
Você e eu
Paixão que não tem fim
E ninguém tem nada a perder
Viver é para quem se dá
Eu e você
Não dá pra esquecer
Você e eu
Não dá pra duvidar
Se é fogo quero queimar
Teu mar quero navegar
Sou presa do teu carinho
Eu peço pra minha Santa
Para abrir nosso caminho
Vem me dá a tua mão
Chega de chorar e de fugir
Você veio me mostrar o que é amar
Você veio me dizer o que é ser feliz
Corre pro lado de cá, tô te esperando
O caso é sério não dá pra esconder
Deixa falar, e a gente se amando
Já me pegou, é pagar pra ver
Melhor Letra
Destino: Ciclos Migratórios
Destino, ciclos migratórios…
Ay quem diga que no mundo
Não tenha certas verdades
Mas a natureza é sábia
E me mostra a realidade.
Num singelo fim de tarde
Onde as aves voltam ao ninho
Eu sigo palmeando o mate
Tentando entender meu destino.
Fui andejo e teatino
Longe da terra que nasci
E seguindo outros caminhos
Repassando o que aprendi…
O canto da passarada
Quando acalmam suas asas
Sou eu ouvindo as cantigas
Com lembranças lá de casa.
Essas aves migratórias
São meus sonhos ao vento
Enquanto sorvo as lembranças
Canto antigos lamentos.
Eu tenho as asas tão largas
Que ganharam os horizontes
Minhas raízes são profundas
E sempre acham as fontes.
Fui como um rio que passa
E deságua num grande mar
Mas a água retorna ao céu
No eterno ciclo de andejar
E regressa para a sua terra
Na benção da buena chuva
Pra renascer eternamente
Eu volto a ser: – aguada pura…
Sou água quente para o mate
Sou seiva de erva nativa
Colhida nas terras do sul
Segue nas cuias, minha sina
Águas e aves migratórias
Mostram sentidos da vida
De andejar e abrir suas asas
Voltando às terras sulinas