Recomeçar a vida em outro país não é fácil. Para conseguir emprego na nova cidade, um grande obstáculo é a língua diferente. Em razão disso, a Secretaria de Educação, por meio do Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA) em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento e Inclusão Social e a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), está promovendo aulas de português para imigrantes que encontram em Balneário Camboriú novas perspectivas de vida. As aulas acontecem de segunda a quinta-feira, das 19h às 22h no CEJA (Rua 3020, n° 160 – Centro).
O objetivo do projeto, que se chama “Língua Portuguesa para Estrangeiros”, é favorecer a qualificação, o desenvolvimento profissional e atender a demanda de imigrantes. As aulas começaram em maio e já somam 44 alunos matriculados.
Sepadieu Charles, 31 anos, veio do Haiti em março deste ano. Deixou a família no país natal para tentar uma nova vida no Brasil. “Vim para cá porque tem muito serviço por aqui. Faço o curso de português há dois meses por conta disso, e está sendo muito bom para mim”, conta Sepadieu, que ainda está em busca de um emprego.
O principal foco dentro da sala de aula é aprender a falar português para conseguir um bom emprego na região. Por isso, são ensinados diálogos rotineiros, nomes de cores, assessórios, alimentos e outras palavras importantes para o dia a dia. Os métodos de ensino são dos mais variados, como a leitura individual e coletiva, pesquisa em dicionário e internet e slides para ajudar a relacionar imagem e palavra.
Michee Mubikayi Kalala foi o mediador do projeto entre a UDESC e a Prefeitura. Ele teve a ideia das aulas assim que percebeu, no campus da universidade onde cursa Engenharia do Petróleo, a presença de vários colegas também estrangeiros. “Para falar o português há muitas regras de gramática. Eu também passei por essa etapa quando cheguei aqui, então como faço parte de projetos de extensão ensinando matemática no pré-vestibular e também de francês, tive a ideia de falar com meus superiores para incluir a aula de português para estrangeiros na instituição”, conta Michee, que é da República Democrática do Congo, e levou apenas seis meses para apender a língua portuguesa.
Uma das atividades realizadas é o desenho em tamanho real do corpo humano, onde as partes do corpo são nomeadas em francês (língua dominante dos haitianos) e português. “Faço um planejamento semanal e uso como apoio didático uma apostila disponível na web, que é utilizada para aula de português para imigrantes. Em breve faremos uma aula-passeio de bicicleta até a Passarela da Barra para eles conhecerem um pouco mais da cidade onde vivem e saberem se localizar melhor”, comenta a professora Sarah Moura Machado Severino.
Para este ano, não há mais vagas na turma. A meta é que no ano que vem o projeto retorne com outra turma.