Realizar a Parada da Diversidade em Balneário Camboriú nunca foi tarefa fácil. Ações no Ministério Público, liminares da Justiça, mudança de local por conta de decreto do chefe do executivo, indefinições quanto ao alvará, enfim, sempre foram muitos os desafios para a organização do evento.
Neste ano não tem sido diferente, a mudança de local, da Avenida Atlântica para a Terceira Avenida, trouxe muitas incertezas. Ao contrário do ano passado, quando a Prefeitura disponibilizou banheiros químicos ao longo do trajeto, este ano não houve a mesma disponibilidade por parte do Poder Público.
A presidente da Associação da Parada da Diversidade de Balneário Camboriú (APDBC), Damares Barreto, lamenta a decisão da organização pelo cancelamento do evento, que optou pelo respeito ao público. Como vamos permanecer por horas em uma avenida, sem ao menos ter um banheiro químico para os participantes utilizarem? Vão acabar utilizando espaços inapropriados e na terça-feira teremos vereadores na sessão da Câmara, aliados do prefeito, fazendo críticas pesadas à nossa comunidade, assim como em outros anos. A melhor decisão nesse momento é cancelar a Parada da Diversidade para não criar constrangimento e a falta de estrutura mínima ao público que se programou para vir ao evento, inclusive de outras cidades”, afirmou ela.
Um evento deste porte, assim como acontece em outras centenas de cidades pelo país, aquece o comércio local e movimenta a economia. “É uma visão atrasada e que prejudica a cidade. A rede hoteleira deixa de faturar, assim como os restaurantes, os equipamentos turísticos, os supermercados, os vendedores ambulantes, as conveniências, enfim, a cidade que tem em seu DNA o turismo, perde como um todo. A gente precisa evoluir’’, destaca Damares.
A organização reforça ainda que a Parada da Diversidade foi indeferida pela Prefeitura de ser realizada na Avenida Atlântica, por conta do Decreto Municipal 9.587 feito pelo atual prefeito Fabrício Oliveira (PL) em 2019. A regra imposta por ele proíbe a interrupção parcial da pista de rolamento da Avenida Atlântica, para a realização de evento público ou privado, em qualquer trecho de sua extensão, autorizando a liberação somente aos domingos, no período compreendido entre às 8h e 12h.
Contudo, neste domingo (24), dia em que ocorreria a Parada da Diversidade, a mesma via terá um trecho interditado para a gravação do filme “Descontrole”, fora do horário determinado pelo decreto do prefeito. “Afinal, o decreto do prefeito vale para quem? Para quem ele quer?”, questiona Damares.
Na próxima semana a organização e os movimentos LGBTQIA+ envolvidos devem se reunir para definir a nova data do evento.