A médica infectologista da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (DIVE-SC), Lígia Gryninger, alerta que a vacina, junto às medidas de precaução como o uso de máscaras, higienização das mãos e o distanciamento social, é o único meio de controlar a doença, e que, por isso, as pessoas não podem deixar de se vacinar. A médica reforça ainda que todas as opções disponíveis são autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, na corrida contra o vírus, a população não deve se preocupar em escolher qual vacina tomar.
“O tempo de pesquisa até se descobrir uma vacina fez com que o vírus abrisse uma longa vantagem. O que a população precisa entender é que agora a vacina está aí e a gente não pode deixar de abraçar essa oportunidade. Escolher vacina, no entanto, não é o caminho para controlarmos a Covid-19. O que a gente precisa nesse momento é do maior número de pessoas vacinadas e o quanto antes’’, avalia.
A infectologista explica que as vacinas têm o objetivo de evitar internações e óbitos, ou seja, os quadros mais graves da doença, e que todas elas cumprem este propósito. Para a médica, tomar a vacina é uma atitude de responsabilidade, cuidado consigo e com o outro. “As vacinas trazem benefícios individuais e coletivos. Se eu tomei uma e o outro tomou uma diferente da minha, tenha certeza que os dois estarão protegendo um ao outro. Isso é o fundamental para vencermos a pandemia”.
Foi com esse sentimento de cuidar de si e dos outros que dona Guilhermina foi para a fila da vacina assim que chegou a vez dela, aos 60 anos de idade. “Eu não via a hora. Tomei a vacina com muita alegria e nem perguntei qual era. Somente na hora fui informada que era a AstraZeneca. O que desejo é estar protegida e proteger quem está ao meu lado. Já queria até ter tomado a segunda dose, mas é só em agosto”, revela ansiosa, mesmo se tiver que enfrentar novamente reações como as que teve na primeira dose, como um pouco de febre e dor no corpo.
Escolha ser vacinado
Com a #euescolhiservacinado, a DIVE-SC reforça o pedido para que as pessoas não deixem de tomar a vacina, a que estiver disponível, independentemente da marca. O órgão reforça que todas são seguras e que a proteção de todos contra o coronavírus depende da proteção de cada um. Outra recomendação importante é que mesmo depois de vacinadas as pessoas não descuidem dos protocolos sanitários. O uso de máscara, a higienização das mãos e o distanciamento social continuarão indispensáveis.
Na entrevista a seguir, a médica infectologista, Lígia Gryninger, esclarece dúvidas envolvendo a vacinação contra a Covid-19. Ela atua na linha de frente do combate à pandemia, na região da Grande Florianópolis. A médica fala sobre a importância de se vacinar, eficácia, segurança e reações à vacina, entre outros temas relacionados à proteção vacinal contra o coronavírus. Acompanhe as orientações e, quando chegar a sua vez, não deixe de tomar a vacina.
Por que é importante tomar a vacina?
Lígia Gryninger: A vacina é o único meio, junto com as medidas de precaução como o uso de máscara, da higienização das mãos e do distanciamento social, que vai fazer a gente vencer essa pandemia.
Das vacinas que estão disponíveis, qual delas é a mais recomendada?
Lígia Gryninger: Todas. As vacinas vão trazer benefícios individuais e coletivos. Se eu tomei uma e a outra pessoa tomou uma diferente da minha, tenha certeza que os dois estarão protegendo um ao outro. Isso é fundamental para vencermos a pandemia.
Tomei a CoronaVac, estou menos protegido? Ela é eficaz?
Lígia Gryninger: Quando a gente fala em eficaz, a gente pensa no mundo ideal, a gente pensa em não se contaminar pelo vírus. O que nós precisamos entender é que o objetivo da vacina é evitar o agravamento da doença, a hospitalização e o óbito. Então não tem que haver essa discussão de que uma vacina é menos eficaz que a outra. Todas têm o mesmo objetivo de diminuir a hospitalização e o número de óbitos”.
Não quero tomar a AstraZeneca por que a vacina provoca muitas reações.
Lígia Gryninger: Isso vai depender de indivíduo para indivíduo. Não temos tido reações severas como estão dizendo por aí. O que nós sabemos é que algumas pessoas podem ter uma pré-disposição de desenvolver eventos adversos que a gente considera de leve a moderado no pós-vacinação, que acontece até com outras vacinas. Então, o que tem sido relatado com a AstraZeneca é febre, dor no corpo que deixa a pessoa 24, 48 horas um pouquinho mais debilitada, mas, nada que seja motivo para desistir desse tipo de vacina.
Tomei a vacina e não tive nenhuma reação, significa que não estou protegido?
Lígia Gryninger: Isso não está relacionado. Isso é uma pré-disposição individual que tem a ver com ter ou não algum evento adverso, em nada tem a ver com a proteção.
A vacina pode provocar a Covid-19?
Lígia Gryninger: Não. A vacina não é capaz de provocar a doença.
Eu posso escolher qual vacina tomar?
Lígia Gryninger: A gente deve tomar a vacina que estiver disponível. Nós não recomendamos a pessoa escolher a vacina, mesmo porque o objetivo é dar a proteção para todos, de maneira igual. Então, escolher a vacina nesse momento não é o caminho para a gente conseguir controlar a Covid-19.
Tomei a vacina. Significa que estou imunizado?
Lígia Gryninger: Para usar a palavra imunização ainda é cedo demais. O que a gente considera é que a vacina vai dar proteção (mesmo que a gente não saiba ainda por quanto tempo) para que, em contato com o coronavírus, você não desenvolva quadros graves ou venha a óbito.
A pessoa vacinada ainda pode transmitir o coronavírus?
Lígia Gryninger: A pessoa vacinada ainda pode pegar o coronavírus. Se ela pode pegar, ela pode transmitir.
Uma dose da vacina já é suficiente?
Lígia Gryninger: Depende da indicação do fabricante. Para os imunizantes que precisam de duas doses, é fundamental completar o esquema para que a gente possa considerar a pessoa vacinada.
Tomei a vacina. Já posso sair sem máscara?
Lígia Gryninger: Não. Infelizmente, não. Eu sei que todos estão ansiosos por este momento, mas, a vacinação não tira o seu dever de continuar usando máscara, higienizando as mãos e mantendo o distanciamento social.
Tomei a vacina e resolvi checar se adquiri anticorpos. O exame deu negativo, a vacina não foi eficaz?
Lígia Gryninger: Não existe ainda um exame para saber se estou protegido depois da vacinação. Existem alguns exames que podem sugerir uma proteção, mas o fato de eles virem negativos não significa que você não está protegido. A proteção vacinal é muito maior do que somente a dosagem de anticorpo indicada no exame de sangue.