O jiu-jitsu é considerado uma das artes marciais mais tradicionais. Criada por monges budistas e aperfeiçoada e popularizada por samurais japoneses, o esporte é reconhecido e regulamentado no país pela Confederação Brasileira de Jiu Jitsu
Na atualidade, devido à sua eficácia no combate, o mundo das artes marciais mistas está cheio de atletas experientes no jiu-jitsu brasileiro. No entanto, apesar de ser muito praticado, poucas pessoas conhecem “o lado mais teórico” da modalidade, no sentido de saber que as origens dessa disciplina remontam o início do século passado.
Os grandes mestres do jiu-jitsu brasileiro
Em 1914, o mestre Mitsuyo Maeda desembarcou no Brasil em busca de adversários que ousassem desafiá-lo e a seus discípulos em combate, obtendo vitórias em todas as cidades pelas quais passou com as disciplinas de judô e jiu-jitsu.
Durante sua estada, o mestre Maeda aceitou ter sob sua tutela um aluno chamado Carlos Gracie, que tinha um irmão de saúde frágil, chamado Helio, que o acompanhou para ver todos os seus treinos. Apesar de sua condição física, foi o jovem Helio quem prestou mais atenção às indicações do grande mestre japonês e acabou desenvolvendo sua técnica particular, baseada no uso de seu próprio peso e no do adversário como vantagem na competição. Dessa forma, surgiu o jiu-jitsu brasileiro, como aprimoramento das técnicas do mestre Maeda e conhecido por facilitar as condições de combate, mesmo em desvantagem de peso e altura.
Com o tempo, Helio Gracie foi aperfeiçoando a sua técnica e obtendo vitórias contra lutadores de diferentes disciplinas em todo o mundo. Graças à sua popularidade, o Grande Mestre brasileiro compilou as técnicas de seu estilo de luta para compartilhá-las com o mundo no livro Gracie Jiu-Jitsu, que pode ser encontrado na Amazon. Rorion Gracie, filho de Helio Gracie, tem sido um dos principais promotores da popularidade dessa disciplina em todo o mundo, sendo o fundador da Ultimate Fighting Championship.
Jiu-jitsu brasileiro domina cenário de artes marciais mistas
Atualmente, é comum constatar que os principais expoentes das artes marciais mistas em competições como o Bellator ou o UFC são graduados em jiu-jitsu brasileiro. Um deles é Ronaldo Jacaré, bicampeão mundial da categoria, que se destacou por sua humildade como atleta ao nomear aqueles que considera os melhores lutadores de jiu-jitsu do UFC.
Por outro lado, um dos principais expoentes do jiu-jitsu brasileiro na competição Bellator é Douglas “O Fenômeno” Lima, nascido em Goiânia. O atleta está prestes a enfrentar o canadense Rory MacDonald pelo campeonato dos médios no próximo dia 26 de outubro. Douglas estava sendo cotado na plataforma de apostas da Betway Esportes, em 27 de setembro, como favorito para esta luta, na qual “O Fenômeno” terá de mostrar o melhor de suas habilidades como faixa-preta de jiu-jitsu. As chances de ele sair do octógono como campeão indiscutível da categoria marcavam 63,7%.
Além das batalhas dentro dos grandes torneios de artes marciais mistas, as competições internacionais regulamentadas pela Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu se destacam por reunir milhares de atletas completamente focados na disciplina nascida no Brasil. Uma delas é o International Open IBJJF Jiu-Jitsu Championship, realizado em Manaus no final de setembro e cujo principal objetivo é dar oportunidade aos atletas de melhorarem seu desempenho no tatame enfrentando lutadores de todo o país.
O jiu-jitsu brasileiro em Balneário Camboriú
A disciplina de combate desenvolvida por Helio Gracie encontrou em Balneário Camboriú um local cheio de atletas totalmente focados em mostrar o seu melhor nas lutas dentro e fora do país. Na 3ª etapa do Circuito Catarinense de Jiu-Jitsu, em Urussanga, discípulos de Aldo Max, professor da Fundação Municipal de Esportes de Balneário Camboriú (FMEBC), representaram com sucesso os atletas da região.
Além disso, competições internacionais também viram a participação bem-sucedida de lutadores de Balneário Camboriú, como o guarda municipal Edson de Almeida, que participou do Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu em Las Vegas em agosto deste ano.
Vale ressaltar que Almeida não foi o único representante da região nessa competição, visto que Diogo Nascimento se destacou por subir no pódio após conquistar o bronze, tornando-se o primeiro atleta de Balneário Camboriú na categoria faixa-preta a obter uma medalha em um mundial da disciplina.
Como é possível verificar, o jiu-jitsu brasileiro se tornou uma disciplina dominante e fundamental no mundo das artes marciais mistas e em grandes competições, como o UFC e o Bellator, o que demonstra que, após mais de 100 anos da chegada do mestre Mitsuyo Maeda ao Brasil, seu legado ainda está vivo como parte de uma forma de combate reconhecida em todo o mundo.