A Praia Brava de Itajaí (SC), um dos pontos mais visitados da cidade devido a sua grande beleza natural, está passando por alterações que podem em breve degradar o meio ambiente e destruir seu potencial turístico. Tudo isso porque a Lei de Outorga Onerosa possibilita a construção de edifícios com 12 pavimentos na praia, sendo 6 pavimentos na 1ª quadra provocando sombreamento na faixa de areia.
Por conta disso, a Associação Comunitária de Moradores da Praia Brava – coletivo em prol da preservação do local – criou o movimento #Salvebrava, cujo objetivo é mostrar o posicionamento contrário da comunidade em relação a esta situação. Segundo representantes da associação, a luta é por parâmetros de ocupação sustentáveis que respeitem a capacidade de suporte do local e a fragilidade de seus ecossistemas.
Uma passeata, na orla da praia, ocorrerá no próximo sábado (13), a partir das 13h, para reforçar a posição da comunidade e chamar a atenção da população de Itajaí e região, e de todos que usufruem deste paraíso em relação a este problema que ocorre de forma gradativa, matreira e que com o tempo se torna irreversível.
“Já temos um exemplo catastrófico de um processo de desenvolvimento super acelerado que aconteceu ao lado, em Balneário Camboriú”, reflete Daniela Occhialini, oceanógrafa e presidente da associação. “Com a aprovação desse projeto, toda a vista de moradores e turistas da Praia Brava, em cerca de três quilômetros de extensão, poderá ficar encoberta por grandes construções de arranha-céus”.
A Lei de Outorga Onerosa amplia a altura das edificações na Praia Brava, chegando a 12 andares na terceira quadra. Na prática, isso afetaria não apenas o tempo de sol na praia, mas, também, acarretaria em diversos outros danos ambientais à orla. “Toda a comunidade de Praia Brava está mobilizada para que as obras – que estão em desacordo com o Plano Diretor 2006, com outorga onerosa – não sejam licenciadas”, ressalta Daniela. “Queremos mostrar aos nossos governantes que somos contrários à ação e que nosso objetivo é garantir a conservação da Brava para gerações futuras. É fundamental para a preservação da Brava que toda a população esteja atenta e compareça à Audiência Pública no dia 17, para mobilizar nossos governantes”.
Os impactos ambientais teriam proporções devastadoras para a região, conforme apontou um estudo feito pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali): a praia – que conta hoje com cerca de cinco a sete mil moradores – poderia chegar a um número superior a 160 mil pessoas.
“É preciso lembrar que, com mais pessoas, é necessário um fornecimento maior de água e energia elétrica, infraestrutura que não existe”, diz Daniela. “Além disso, há também o aumento da produção de resíduos sólidos, que pode acabar com a vegetação e prejudicar toda a fauna e flora, fundamentais para a qualidade ambiental da praia. Outro fator é o uso incorreto do subsolo por parte das construtoras: isso compromete o lençol freático e o contamina com água salgada”.
Enfim, de acordo com a comunidade, o sombreamento da praia e o super adensamento, passando por questões que envolvem o subsolo são as maiores ameaças a qualidade ambiental e a qualidade de vida na Praia Brava.
Serviço
Movimento #Salvebrava protesta na Orla da Praia Brava
Data: 13 de abril (sábado), a partir das 13h; passeata a partir das 15h
Local: Orla da Praia Brava – Avenida Carlos Drumond, esquina com Avenida José Medeiros
Mais informações: facebook.com/salvebrava